Tecnologia do Blogger.
RSS

De Cochabamba segui para La Paz. A viagem foi de dia, em um ônibus convencional e durou cerca de 8 horas. Foi bem ruim, super cansativo! Eu não via a hora de chegar!!!

La Paz está a 3600 metros de altitude, então o caminho era uma subida sem fim. A estrada é boa até certo ponto e a paisagem é incrível (quando entramos na parte montanhosa), mas chega uma hora que o ônibus treme sem parar, a estrada é estreita e passa muito perto de cair montanha abaixo. Sério. Eu via as pedrinhas rolando! No meio do caminho vi uma carcaça de um ônibus caído. Isso me assustou muito. Não sei há quanto tempo estava ali, mas não é nada legal você estar viajando em uma estrada precária e ver uma cena dessa... Mas tudo tem seu lado bom, a paisagem é incrível!

no caminho pra La Paz

Antes de chegar em La Paz o ônibus passa pela cidade de El Alto, onde tem o aeroporto internacional. El Alto fica a uma altitude maior que La Paz, e é mais pobre também. Uma moça que nos guiou em um passeio contou que pessoas mais pobres moram em El Alto, entre outros motivos, por ser mais alta. A parte rica da população mora em uma região mais baixa, onde o efeito do soroche é menor. Ou seja, além de sofrerem pela pobreza, sofrem mais ainda pela altitude.

De modo geral, tanto em La Paz como em El Alto as construções raramente são rebocadas. Parece mesmo uma enorme favela, como ouvi dizer antes de chegar lá. A impressão que tive quando cheguei lá foi "meu deus, onde vim me meter? O que estou fazendo aqui? Sinceramente, fiquei com medo! A sensação de estar em uma cidade caótica assusta muito. Além desse visual há os carros muito velhos rodando pela cidade, o cheiro da fumaça, a poluição, muitas pessoas... tudo isso assunta um pouco na chegada, mesmo eu sendo nascida e criada em São Paulo.

Um dos buses de La Paz

Finalmente cheguei na rodoviária e decidi ir andando pro hostel, já que ficava a uns 500m caminhando. Me perdi um pouquinho mas encontrei o hostel. Fiquei hospedada no York B&B, localizado bem no centro, ao lado do mercado das bruxas e da praça São Francisco. Recomendo!


Quarto para 4 pessoas

arredores do hostel
Basílica de São Francisco, pertinho do hostel

Se em Cochabamba eu não havia sentido nada da altitude, aqui em La Paz o bicho pegou. Você anda 1 minuto e já sente falta de ar, ainda mais caminhando no centro onde tem uma ladeira atrás da outra! Imagina andar assim com um mochilão nas costas e uma mochila na frente? Bom, sobrevivi. Fui pro meu quarto descansar e acho que depois saí para comer. Nesse dia não me senti mal, apenas cansaço da viagem e do ar rarefeito. Tomei chá de coca pra evitar os efeitos do soroche e só me senti cansada. Não tive náuseas nem dor de cabeça, sintomas comuns para quem não está acostumado com a altitude. Andava no meu ritmo e procurei não fazer esforço.

No dia seguinte fui passear pelo centro, centro histórico, fui comprar umas roupas de frio, e no fim da tarde peguei o teleférico para ir até El Alto ver La Paz lá de cima.

Eu adorei o mercado das bruxas e o centrão! No mercado das bruxas há uma infinidade de lojinhas que vendem artigo típicos, como roupas, bijuterias, instrumentos musicais e outras coisas. Dizem que o nome mercado de las brujas vem por causas dos artigos para se fazer feitiços. Há ervas para um monte de coisas (para a saúde, para atrair o amor...) e há também os famosos feto de lhamas. Impressionante!

Para quem quer comprar roupas de frio o centro é ótimo!!! Há várias barracas e lojinhas vendendo de tudo! Casacos, meias, blusas, cachecol, luvas... La Paz é bem fria. Na época que estive lá (início de julho) a temperatura variava muito. De dia podia chegar aos 15 graus, mas a noite chegava a três, dois...acho que fez até temperatura negativa de madrugada! Por isso fui em busca de uma boa jaqueta bem quentinha, pra poder aguentar o frio lá e em Uyuni, que é beeeem pior. Eu amei esse centrão, me senti em São Paulo fazendo compras no centro. Só não gostei do tratamento dos vendedores bolivianos. Parece que eles não gostam que as pessoas entrem para dar uma olhadinha nas coisas, sabe? Sempre que me perguntavam o que eu estava procurando e eu dizia que estava apenas olhando era nítida a cara de mau humor que faziam pra mim. 
Mercado das bruxas
Passei pelo centro histórico mas não entrei em nenhum prédio. A Plaza Murillo é onde fica o Palácio do Governo. No dia em que estive lá as ruas dos arredores dessa praça estavam todas fechadas para carro, e havia muitos policiais armados. Apenas pedestres passavam. Não sei se normalmente essa região é assim ou se era algum dia especial, mas fiquei um pouco assustada com o tanto de policiais por lá.
O centro histórico é bem legal para se conhecer, e achei seguro. Fui até a calle Jaen, uma rua super charmosinha e bem famosa do centro histórico, mas estava tudo fechado.

Praça Murillo - Palácio do Governo 
Praça Murillo - Catedral
passeando pelo centro
Calle Jaén
O teleférico de La Paz é um dos meios de transporte de La Paz para El Alto e vice versa. Achei super moderno! Tem três linhas e chega super rápido. Eu peguei a linha vermelha e apenas subi para ver a vista, voltando logo em seguida. No meio do caminho vi muitas pessoas subindo aquelas ruas íngremes a pé. É muito alto! Até para ir de carro demora pra subir!!!

A vista do teleférico





Passado o susto da chegada eu já estava encantada por La Paz. O barulho, o trânsito, a  confusão me lembravam São Paulo, ou seja, me senti em casa.

Nos outros dois dias que estive em La Paz fui fazer passeios fora da cidade. No dia seguinte fui visitar as ruínas de Tiwanaku (o povo que antecedeu os Incas). Fiz esse passeio com uma agencia de turismo. Chegamos de manhã no museu que explica a histórica dos Tiwanaku, e depois fomos ver as ruínas. Infelizmente o sítio arqueológico não está em muito boas condições, se comparado a outros no Peru, por exemplo (nunca fui para o Peru, mas me disseram que esse aqui na Bolívia estava meio mal cuidado). Isso se explica pela colonização espanhola que destruía alguns templos e totems por questões religiosas e a própria exploração turística. Em alguns pontos havia apenas um amontoado de pedras onde o guia explicava o que teria sido há centenas de anos atrás. Precisei usar muito minha imaginação para tentar entender. Alguns pontos estão em melhores condições, como a porta do sol e o totem abaixo. Terminamos o passeio em um restaurante ali perto. Comemos carne de lhama, arroz e salada.





No caminho de volta para La Paz comecei a sentir uma dor de cabeça forte. Acho que a caminhada que fiz durante o passeio e o almoço pesado fizeram o soroche chegar com tudo! Isso porque achei que já estava aclimatada com a altitude...imagina. Cheguei no hostel e tomei chá de coca, mas depois tive que comprar um remédio mesmo, a famosa soroche pill, que nada mais é que uma aspirina com cafeína. Foi isso que me ajudou! Por isso fica a dica: procure não se esforçar muito e coma pouco!

No dia seguinte fiz outro passeio guiado, também fora de La Paz. Fomos à montanha Chacaltaya e a tarde ao Vale da Lua. Essa montanha está a cerca de 5000 metros de altitude. Vamos de carro até a base dela e depois subimos uns 200 metros até o topo. Eu não esperava muito desse passeio mas me emocionei naquele lugar. Quando chegamos na base da montanha estava nevando bem fraquinho. Essa subida de 200 metros é um martírio, por causa do frio e da altitude. Eu dei os primeiros passos e já me via sem ar nenhum. Continuei subindo, com passinhos de formiga. Quando parei e olhei pra trás para ver a vista eu comecei a chorar. Mas sabe aquele choro que vem do peito? Eu quase solucei! Não sei se foi a neve, a falta de ar, aquele lugar maravilhoso...sei que me emocionei de um jeito que não imaginava.  Infelizmente nenhuma das fotos consegue mostrar a magnitude desse lugar...
Subindo o Chacaltaya





Depois desse espetáculo fomos para o Vale da Lua, um sítio arqueológico com formações rochosas. É um lugar impressionante também. Há uma rota a ser seguida para visitar o vale, que dura cerca de 45 minutos. E depois desse dia incrível voltamos para La Paz.





Sobre a comida, não me arrisquei muito comendo comida tradicional pois estava com medo de ter algum problema intestinal. Comi um pizza maravilhosa na "Mozzarela", onde também vende outras massas a um preço ótimo! Tem o famoso pollo con papas (frango com batata frita) a cada esquina. Comi carne de lhama no dia que visitei Tiwanaku, num restaurante já determinado pela agência, mas se não me dissessem que era carne de lhama teria passado como um bife comum. Ah, coma as empanadas e salteñas....se você for a Bolívia precisa provar! La Paz tem restaurantes para todos os gostos e bolsos, e sai tudo muito barato! 



Sobre a segurança: como em qualquer lugar do mundo, tome conta dos seus pertences. Onde tem muita gente a chance de ser furtado é maior. Mas no geral, não me senti insegura, não tive medo de andar no centro e não vi nada perigoso. Pelo que vi e pelo que ouvi dizer, o índice de violência na Bolívia é bem menor que no Brasil. 

Deslocar-se pela cidade pode ser fácil, se você estiver hospedado no centro e for fazer turismo nos arredores. Aconselho andar a pé pelo centro ou pegar táxi para áreas mais afastadas. O transporte público em La Paz me pareceu bem confuso e não muito seguro. A falta de informação sobre qual ônibus pegar e onde descer também prejudica o deslocamento, e pela minha experiência posso dizer que depender da ajuda de alguém pode não ser fácil.  

Enfim, curti muito estar em La Paz e recomendo a visita! Fiquei 4 dias lá e no meu último dia já sentia saudades dessa cidade que apesar do caos, da poluição, da confusão, me encantou. Não sei se voltaria para lá, mas sei que vivi ótimas experiência.

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

0 comentários:

Postar um comentário